Confiram

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Não Te Amo

Não te amo

Não te amo, quero-te: o amor vem d’alma.
E eu n’alma, tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não!

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai! não te amo, não!

Ai! Não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Esse indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não

E infame sou, porque não te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amor!... não te amo, não.

É justamente assim que me sinto quando vejo as mais variadas formas de amar. Ama-se desprezando, negando-se, maltratando, ou amando. Amor platônico, correspondido, virtual, fiel, doce, amargo. Há amor de todos os jeitos e maneiras. Ama-se se dando ou apenas sugando, mas de uma coisa eu tenho certeza, amar é sofrer, e em nenhum momento estar amando vai significar estar feliz, é tudo muito confuso assim como é o contrário do amor. Muitos imaginam que o ódio poderia sê-lo, mas não é, a indiferença é a maneira que eu melhor defino como antônimo do amor. Você se sentiria mais irado se seu amor lhe odiasse ou simplesmente esquecesse a sua existência? Fosse indiferente a sua presença e não perdesse um minuto sequer do sono para pensar em lhe odiar, ou se lhe perseguisse pelas esquinas? Odiar requer tempo e conseqüentemente a presença da pessoa escolhida. Não importa o motivo pelo qual o seu amor terminou: adultério, monotonia, situação financeira, filhos, não importa, o segredo é não odiar. Só pra citar um dos motivos para o final de uma relação Nelson Rodrigues em sua bendita sabedoria já dizia: “Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém”. 

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