André Magalhães
Pensando como um Anjo Louco que sou...
Viver só vale a pena quando temos intensidade nos passos, brilho nos olhos, uma esperança que não se alia à eterna espera, e uma vontade louca de alcançar...Viver é ter compromisso com sua própria felicidade e sempre achando que isso ainda não é o bastante. Quando isso não ocorre, viver deixa de valer a pena. É a falência da sua passagem pelo mundo onde tudo é um jogo e nesse jogo se ganha ou perde-se. Existem os que numa maldita e conturbada tentativa de encontrar o caminho e acertar, lança mãos de todos os artifícios que estão ao seu alcance: falar com Deus, ignorá-lo; consultar oráculos, meditar, antidepressivos, vida moderada, excessos e solidão. Acaba-se até achando que o verdadeiro herói é aquele que vive e se diverte sozinho. Chega-se até definir solidão como: A NOBRE ARTE DE SABER COMO LIDAR COM SEUS MAIS INTIMOS E SAGRADOS EXCREMENTOS SEM DOR. Pura ilusão. A solidão por definição já é uma coisa negativa. Quando o desprezo ao seu povo e a si torna-se inevitável é sinal de que o jogo acabou, findou a guerra, a batalha foi perdida. Para mim existe uma tênue linha entre o acaso e o comprometimento que uma pessoa pode ter consigo. Muitos são felizes por obra da coincidência, outros lutaram para alcançar seus objetivos e tantos outros fizeram tudo ou nada, e as coisas aconteceram independente de seus esforços, busca, vontade ou privações. Há os que se permitem errar sempre e ainda assim alcançar a glória, mas o que realmente não suporto é quando ouço alguém tentar aliviar dores de outrem através de comparações, ainda mais àquelas que visam lhe mostrar que existe sempre algo pior. É como aceitar o inaceitável, admitir e se rogar de satisfeito. Não pode haver semelhanças. O ser humano é individual, somos diferentes e fim. Admiro quando se tem consciência da diferença entre o concreto e o imaginário ou caminha-se para tornar a aceitação da derrota numa coisa melancólica e até sem valor, pois até mesmo a derrota possui. A verdade é que para alguns a perda da auto-estima fica escancarada, permitindo a queda dos seus valores morais, e transforma-se em falta de respeito aquilo tudo que acredita-se sair de um fracassado, e nada na vida vai transformar a remissão em sucesso porque percebe-se que o seu tempo já se passou. Perdeu-se o trem da alegria, não observou a paisagem e agora... Agora a incredulidade passa tudo a limpo sem objeções e deixa a vida sendo vista sem nenhum valor, e a morte a essa altura já não é mais uma idéia e sim uma vivencia, aliás, ela é mascarada diversas vezes no dia-a-dia. Acho surpreendentemente engraçado quando ouço falar em “Efeito Borboleta” sabendo que a tristeza e a derrota de tantos homens não vai fazer a menor diferença para a vida em si. O sol continuará se pondo, a chuva a cair, e as pessoas com seu andar apressado cheias de compromissos continuarão lotando suas agendas. “ELE faz nascer o sol igualmente sobre maus e bons e cair à chuva sobre justos e injustos.” (Mateus, 5,53-45). Imaginar que a batida de asas de uma simples borboleta no Pacífico poderá modificar marés no Atlântico mesmo com o exagero que a frase pressupõe, menospreza mais ainda o destino de um miserável. Só os escassos de imaginação perdem tempo com o sofrimento alheio. O tempo, esse Deus que a tudo aniquila, conseguiu retirar o mais importante de muita subsistência: a vontade de gerar forças para se proteger da destruição, mas que fique claro, eu não maculo essas pessoas das quais lhes falo. Não deu certo e as probabilidades de satisfação eram de uma em dez milhões. Acabou! Foi a falência do senso comum, o transtorno e a obsessão estampada na cara desses pobres mutilados pelo fracasso. A traição que se comete a si mesmo.
A aceitação da derrota.
E se em algum momento algum deles é responsável pela mudança de alguma coisa ou destino, a interferência certamente terá sido casual. O que a eles resta como certeza é que depois de tanto tempo nada valeu a pena.