Confiram

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Tudo e o Nada

               O Tudo e o Nada



Somo feridas em busca de um remédio.
Somos remédios que não curam dores.
Somos dores que procuram o alívio.
Somos alívios que escondem o pranto.
Somos prantos que caçam alegria.
Somos alegrias que homenageiam a glória.
Somos glórias que despencam na sarjeta.
Somos sarjetas que aprisionam corpos.
Somos corpos que anseiam por vida.
Somos vidas que vagueiam perdidas.
Somos perdidos que procuram caminhos.
Somos caminhos que não levam a nada.
Somos nós! Somos ébrios! Somos vida!
Somos o nada que constrói o tudo.
Somos o tudo que desaparece na fumaça.
Somos a fumaça que denuncia o fogo.
Somos o fogo que incendeia a alma.
Somos as almas que se penitenciam.
Somos penitências que nunca são pagas.
Somos as pagas que se enchem de dívidas.
Somos as dívidas do banco do amor.
Somos os amores que buscam companhias.
Somos as companhias rejeitadas pelo tempo.
Somos os tempos de um verbo qualquer.
Somos nós! Somos ébrios! Somos vida!

Somos românticos que mandam flores.
Somos as flores que exalam perfumes.
Somos perfumes que enjoam a beleza.
Somos belezas que criticam as formas.
Somos formas que procuram os gestos.
Somos gestos que afirmam mentiras.
Somos mentiras que dizem verdades.
Somos verdades que enganam a crença.
Somos crenças que imitam a fé.
Somos a fé que se deixa conduzir.
Somos condutores perdidos no espaço.
Somos espaços vazios infinitos.
Somos nós! Somos ébrios! Somos vida!

Somos inquietudes que procuram descanso.
Somos descansos cansados de esperar.
Somos esperas pelo que nunca chega.
Somos finais de uma espécie em extinção.
Somos nós! Somos noite! Somos boêmios!

Somos seres comuns que nos fantasiamos de especiais para cortejar o sonho.
Somos o próprio sonho definhando a cada instante.
Somos o instante em que se apresenta à morte.
Somos a morte das madrugadas que anseiam o dia.
Somos o dia que nunca renasce.
Somos o renascer que não se nega a luz.
Somos a luz que clareia dos passos.
Somos os passos que cambaleiam ébrios.
Somos os ébrios que bebem desgosto.
Somos os desgostos que amargam o doce.
Somos os doces de sabor enganoso.
Somos o engano que Deus cometeu.
Somos nós! Somos sós! Somos gente!
Somos noite! Somos boêmios! Somos vida!





quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A Idade do Céu

                                Paulinho Moska

Composição: Jorge Drexler; versao: Moska


Não somos mais
Que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só
Na idade do céu...
Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu...
Oh! Oh!...Oh! Oh!
Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu...
Não damos pé
Entre tanto tic tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
A mesma idade
Que a idade do céu...
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh! Oh!
Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
A mesma idade
Que a idade do céu...(2x)
A mesma idade
Que a idade do céu...



quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Não Te Amo

Não te amo

Não te amo, quero-te: o amor vem d’alma.
E eu n’alma, tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não!

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai! não te amo, não!

Ai! Não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Esse indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não

E infame sou, porque não te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amor!... não te amo, não.

É justamente assim que me sinto quando vejo as mais variadas formas de amar. Ama-se desprezando, negando-se, maltratando, ou amando. Amor platônico, correspondido, virtual, fiel, doce, amargo. Há amor de todos os jeitos e maneiras. Ama-se se dando ou apenas sugando, mas de uma coisa eu tenho certeza, amar é sofrer, e em nenhum momento estar amando vai significar estar feliz, é tudo muito confuso assim como é o contrário do amor. Muitos imaginam que o ódio poderia sê-lo, mas não é, a indiferença é a maneira que eu melhor defino como antônimo do amor. Você se sentiria mais irado se seu amor lhe odiasse ou simplesmente esquecesse a sua existência? Fosse indiferente a sua presença e não perdesse um minuto sequer do sono para pensar em lhe odiar, ou se lhe perseguisse pelas esquinas? Odiar requer tempo e conseqüentemente a presença da pessoa escolhida. Não importa o motivo pelo qual o seu amor terminou: adultério, monotonia, situação financeira, filhos, não importa, o segredo é não odiar. Só pra citar um dos motivos para o final de uma relação Nelson Rodrigues em sua bendita sabedoria já dizia: “Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém”.